sábado, fevereiro 02, 2008


Acordo estratégico entre Brasil e França

Oficiais da Aeronáutica brasileira afirmam que ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso houve uma enorme pressão dos Estados Unidos para que o Brasil comprasse o caça Gripen e deixasse de desenvolver tecnologia própria. Fernando Henrique não cedeu, mas também não os enfrentou. Deixou o problema para o sucessor resolver. Essas mesmas forças voltaram a atuar nos últimos meses, agora com novos interlocutores. Apesar de ser apresentado como um avião feito pela Suécia e pelo Reino Unido, o Gripen possui diversos componentes americanos, inclusive mísseis, radares e processadores.

E não é segredo para ninguém que os Estados Unidos não têm o menor interesse em transferir tecnologia, o que para o Brasil é fundamental para o seu desenvolvimento e sua autonomia. Documentos obtidos pela revista «ISTO É» comprovam isso. Para que empresas americanas possam transferir tecnologia militar a outros países, é necessário que obtenham a autorização do "Escritório de Controle de Negócios de Defesa", no "Departamento de Estado dos Estados Unidos". Recentemente, duas autorizações envolvendo o Brasil foram negadas. Uma delas se refere a um míssil anti-radiação, capaz de localizar o alvo através do calor. No documento do "Departamento de Estado dos EUA" em resposta à empresa, a mensagem vem sem rodeios: "Mísseis anti-radiação têm uma significativa capacidade de combate. A introdução dessa capacidade na região da América Latina é incompatível com os interesses da segurança nacional dos Estados Unidos." O segundo pedido refere-se à tecnologia anti-radar, o que permite a seu portador escapar dos aviões adversários. "Esta tecnologia excede o nível de capacidade aprovado para o Brasil", registra o documento do governo americano.

Tecnologia de ponta dará novos mercados, por exemplo, à empresa de fabricação de aeronaves Embraer.
Por trás da disputa entre o caça Rafale (francês) da empresa Dasault e o Gripen está uma velha briga que já teve o Brasil como palco na ocasião da compra dos equipamentos para o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). O processador do Gripen - coração do avião, responsável pelo comando dos sistemas de armas e de radares - é americano, produzido pela Raytheon, a mesma empresa que forneceu os radares do Sivam. No Rafale, o processador é fabricado pela Thales, antiga Thomson, que perdeu a disputa no projeto Sivam. "Os americanos já têm ingerência nos radares da Amazônia, não passaram tecnologia e não podemos, agora, cair na mesma armadilha com os aviões", diz um membro do "Conselho de Defesa Nacional." E segue: "O fato do Gripen ser mais barato não pode nos obrigar a abrir mão da transferência tecnológica." Na sociedade com a Embraer, os franceses asseguram toda transferência de tecnologia, o que permitirá ao Brasil montar um sistema de armas independente, inclusive envolvendo a Avibrás, empresa nacional que detém tecnologia de ponta na fabricação de mísseis e que é possível beneficiária do projeto. Além disso, a Embraer poderá alçar vôos mais altos. "Com a tecnologia supersônica poderemos apostar na construção de aviões comerciais ainda mais competitivos do que os EMB 170 e EMB 190", diz Maurício Botelho, presidente da Embraer.

Sem licitação
O presidente Lula decidiu fazer a compra sem licitação, o que é permitido por lei, uma vez que se trata de equipamentos de segurança nacional. Será, portanto, o momento privilegiado para incrementar a PNID. No Ministério da Defesa, uma vez livre da licitação, o Brasil comprará um avião mais moderno do que os oferecidos até agora. Nesse caso, a menina-dos-olhos da FAB também é o francês Rafale. "Precisamos contar com o que há de mais moderno e com a garantia de que haverá transferência de tecnologia para a indústria nacional", disse o vice-presidente e ex-ministro da Defesa, José Alencar. É por isso que o acordo estratégico, tecnológico e militar firmado entre Brasil e França é fundamental. Os dois presidentes dos respectivos países se encontrarão no próximo dia 15 de fevereiro na fronteira entre Brasil e Guiana francesa para anunciar o acordo histórico. Era o salto fundamental que o governo esperava para fazer do país um dos líderes mundiais no Conselho de Segurança da ONU. Resta ainda saber como o governo irá enfrentar a pressão constante dos Estados Unidos.

Mensagem automática publicada por : Getúlio Goulart

4 Comentários:

At segunda-feira, 24 de novembro de 2008 às 16:25:00 WET, Blogger phobus said...

“Se queres a paz, prepare-se para a guerra”.
“Deixem as legiões intactas, elas fortalecem o respeito a nossa soberania”(adaptação da citação de Cesar).
Os “políticos responsáveis” devem pensar o Brasil como Nação Soberana e Indivisível, e zelarem para isso, observando os valores morais e civico da maioria do povo brasileiro. Devem fortalecer as empresas brasileiras quanto a exploração das riquezas do solo e do mar, como p.ex. a “Petrobras”, bem como Avibras, Embraer e outras de alta tecnologia(área espacial e naval). Quanto ao apurado com o petróleo, niobio e outros minerais, devem os mesmos ser destinados à educação de qualidade, aceleração na conclusão de projetos de alta tecnologia, com industria de alta capacitação técnica, área em que o Brasil sofre restrições ao seu desenvolvimento tecnológico, na infra-estrutura, e saneamento básico.
visando o desenvolvimento da Nação, sem discriminações e sem privilégios de políticos ou grupos.

 
At quarta-feira, 24 de dezembro de 2008 às 12:37:00 WET, Blogger fatax said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At quarta-feira, 24 de dezembro de 2008 às 12:37:00 WET, Blogger fatax said...

Daqui a pouco os BRICs vão virar BRIFCs...

 
At quinta-feira, 23 de julho de 2009 às 21:04:00 WEST, Blogger Unknown said...

"Esta tecnologia excede o nível de capacidade aprovado para o Brasil", registra o documento do governo americano.

Esse nível só pode ser ZERO pois este país nunca transferiu qualquer tecnologia para cá.

Para ser justo com eles vou me corrigir.

Em 1942 eles transferiram tecnologia siderúrgica em troca da base de Pernambuco, sem a qual não poderiam ter ganho a campanha do norte da Africa.

flw

 

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