sexta-feira, junho 03, 2005


Jugoslávia: O absurdo do conceito de Nação de Nações

Uma pequena pressão num gatilho é o necessário para tirar uma vida. É essa a primeira conclusão, que a maioria das pessoas tira, após assistir ao espectáculo hediondo do assassínio cometido por militares sérvios/bósnios de prisioneiros muçulmanos bósnios.

O espectáculo macabro apresentado nos ecrãs de televisão do mundo, e especialmente da Sérvia, é apenas a ponta do véu, que ainda hoje, especialmente na Servia, se estende sobre acontecimentos como o massacre de Serbrenica, onde foram assassinados a sangue frio mais de oito mil homens e rapazes muçulmanos bósnios, com o único intuito de matar por matar, com o objectivo de exterminar uma raça.

A guerra, é por natureza uma ocorrência violenta e brutal. Muitos entusiastas de temas militares, discutem as linhas de um tanque ou de um avião, esquecendo que, a única razão da existência das armas é a morte de pessoas e a destruição dos lugares onde elas estão ou se movem.

A antiga Jugoslávia, era uma federação de países, com histórias diferentes e religiões opostas. A Sérvia, a principal nação da Jugoslávia, é um país de maioria cristã – ortodoxa, a Bósnia, tinha uma maioria relativa de população muçulmana, reminiscente da presença do Império Otomano nos Balcãs, e as duas repúblicas do norte, Croácia e Eslovénia, são países Cristãos, Católicos.

O espectáculo de violência a que assistimos, que, mais que violência decorrente da guerra, é uma expressão do ódio latente que existia entre as várias nações constituintes de Jugoslávia, deveria ser uma lição.

A movimentação maciça de pessoas, de uma parte da antiga Jugoslávia para a outra, foi uma tentativa de criar uma população homogénea. Foi uma tentativa de criar uma nação, feita de nações.

A ideia de que pode haver uma nação de nações, por muitas misturas geográficas que se façam, é um absurdo contraditório.

O resultado dessa tentativa resultou em tragédia.

As imagens que vimos, deveriam ficar na cabeça daqueles que querem construir nações à força, mais para responder às suas convicções, ou pior, vantagens pessoais, do que para responder a alguma necessidade de união dos povos.

Os povos devem ser livres e devem-se respeitar mutuamente. Porém, misturar povos, implica misturar regras, leis, códigos, mitos e convicções de séculos, quando não milénios. Significa que entram em conflito, regras, mitos e História, que são a própria razão de ser e justificação para a existência de nações.
Misturar povos para tentar diluir os espíritos nacionais, não resulta.

A História e imagens como aquelas que nos entraram pela casa são uma triste demonstração de que essa é a realidade.