segunda-feira, junho 20, 2005


As relações entre Portugal e o Estado Autónomo da Cova da Moura

Segundo noticias vindas a lume recentemente:

"O Embaixador de Cabo Verde em Portugal, Onésimo Silveira, disse ter sido contactado pelo "staff" do Presidente da República para apurar se Jorge Sampaio poderia correr algum risco na visita à Cova da Moura…”

A noticia, que encerra à primeira vista apenas precauções que são naturais, é no entanto inquietante.

Inquietante, primeiro porque um embaixador de um pais estrangeiro, é consultado pelo mais alto magistrado da República Portuguesa (ou pelo menos em seu nome), para saber se pode ou não pode dirigir-se a uma parcela do território nacional.

É inquietante, porque um embaixador de um país estrangeiro, ao cometer uma indiscrição destas, demonstrou muito pouco respeito pela Presidência da República do país que o reconhece como embaixador, ou então, muito pouco tacto diplomático.

É inquietante, porque o pessoal da segurança do Presidente da República, estará certo de que a segurança do Presidente, não depende de portugueses, mas sim do que possa determinar alguma organização externa ao país, tão externa que é preciso contactar uma embaixada estrangeira para obter informações sobre a situação.

Finalmente, a noticia é inquietante, porque vem confirmar aquilo que grande parte do país sabe. Sabe mas tenta esquecer, olha para o lado, fecha os olhos e coloca a cabeça na areia, com esperança de que, fechando os olhos e falando alto, o problema, deixa de existir apenas porque não falamos dele.

Para piorar as coisas, o Presidente da República, preparou uma visita a um bairro problemático (eufemismo que designa “ghetto” onde a policia não entra) na mesma altura em que um grupo de extremistas fazia uma manifestação em Lisboa. Ao planear uma acção para a mesma altura, o presidente deu a um grupo de pessoas que não representa nem sequer uma minoria dos portugueses, uma importância que de facto não tem.

Os portugueses são tão racistas quanto outros povos da Europa - não tenhamos ilusões. No entanto, como são mais passivos, acabam por aceitar a “diferença” mais por inércia que por convicção. Sobretudo, é sempre preciso dizer que, a grande maioria dos imigrantes que estão em Portugal, são pessoas honestas, que trabalham muitas vezes sem protecção social, mas que, dinamizam a economia, pagam impostos como toda a gente, em suma, são cidadãos e devem ser respeitados. O problema não são os emigrantes nem as minorias étnicas. O problema é a inacção e a falta de vontade, e também o desleixo das autoridades competentes para com a violência urbana. Tais autoridades, em vez de agirem, continuam a achar que é possível curar o cancro com chá de limão. Paga-se a uma comissão mais umas centenas de milhares de Euros para estudar o problema, a comissão embolsa o dinheiro e conclui que há um problema de exclusão social, e o navio segue em frente até à próxima onda de assaltos.

Há parcelas do território nacional, onde um cidadão livre não pode ir, onde a sua liberdade e todas as conquistas de Abril, são postas em causa por bandos de criminosos, racistas, que agem com o apoio tácito de organizações ditas de luta contra a exclusão social, muitas vezes pagas e subsidiadas com o dinheiro das vítimas.

Há lugares onde os cidadãos vivem sob a ditadura da violência, a ditadura da lei do mais forte, a ditadura do gang, a ditadura da naifa.

E perante essa ditadura violenta a República Portuguesa, olha e encolhe os ombros. Acha-se incapaz, acha-se impotente, acha-se inútil, acha-se fraca.

E porque se acha fraca, prefere negociar a paz imposta pelos governos autónomos das várias Covas-da-Moura.

Mas quem negoceia com bandidos, tem que entender que eles não aceitam negociações.

Quando os bandidos se acham com força, e acima de tudo estão certos da sua total impunidade, vão sair das suas fronteiras e ocupar as regiões limítrofes.
Foi o que aconteceu nos anos trinta, quando ninguém fez frente a Hitler. Primeiro foi o Anschluss na Áustria, depois os Sudetas, depois a República Checa, depois a Polónia.

Em Portugal, o alargamento dos domínios dá-se para as praias, depois para outros bairros, até que os cidadãos se encerrem nas suas casas, atrás de grades de ferro, aceitando que a guerra está perdida e que as ruas das suas cidades, passaram a estar ocupadas por uma potência estrangeira, com a qual a República Portuguesa abriu negociações de paz, para nos permitir o acesso às ruas durante algumas horas do dia. À noite voltaremos todos ás nossas casas, temerosos, com o rabo entre as pernas, como um cachorro medroso e acossado que procura um canto onde ninguém o veja e onde se possa proteger.

Os portugueses passarão a viver em campos de concentração nocturna, e a rezar para que os gangs não escolham a sua casa para assaltar naquela noite, de preferência que ataquem o vizinho.

Como um anterior presidente da república, que defendeu a necessidade da diluição de Portugal na Europa, porque as nossas forças armadas eram absolutamente inúteis para defender o país, o actual, parece que poderá acabar a defender a negociação com os criminosos, porque as nossas forças de segurança não lhe conseguem garantir a protecção no Estado Autónomo da Cova da Moura. De facto, se nem o presidente tem liberdade de movimentos, para que é que havemos de ter policia?

Para grandes males, grandes remédios. Já morreram na Cova da Moura mais agentes da autoridade que no Iraque. Se somos capazes de efectuar operações de policiamento e garantia da segurança, em países estrangeiros, também seremos capazes de o fazer em Portugal. Basta haver vontade politica.

Mas claro, se não houver vontade politica, COMO NÃO HÁ, ou como NÃO TEM HAVIDO, e se continuarmos a viver na infame ditadura do politicamente correcto, talvez seja melhor negociar, e pedir uma força das Nações Unidas para proteger os cidadãos.

Livrai da Ira dos Mansos.
Enquanto forem os extremistas a saír à rua, a sua saída pode ser apenas um sinal, mas não terá significado de maior. O problema, é que se continuamos por este caminho, um destes dias, vamos encontrar na ruas os cidadãos que começam a ficar fartos da pouca vergonha a que chegou a III República.