segunda-feira, agosto 22, 2005


Fogos em Portugal: Quem aconselha António Costa?

As ultimas declarações do ministro português António Costa, responsável pela Administração interna, são de molde a deixar os cidadãos cada vez mais preocupados. De facto, pouco depois de ter tomado posse, e aquando da divulgação pública das operações de preparação e prevenção dos incêndios para 2005, avisou os portugueses de que não seriam necessários aviões “pesados” de combate aos incêndios.

Na verdade, não é que não fossem necessários. O que ocorria, é que os aviões (e normalmente fala-se do Canadair na sua versão 215 ou na mais moderna 415) enchiam os seus depósitos de água nas albufeiras, e uma vez que as albufeiras estão agora bastante menos cheias, não fazia sentido estar a alugar aviões que não tinham onde encher os seus depósitos.

Ora, perante a perplexidade de todos, chegamos agora à conclusão de que afinal, até há água para encher os “Canadair”. Porque todos os vemos no combate aos incêndios.

Ou deve ter chovido muito no verão, ou então o ministro António Costa enganou-se. E se não se enganou, então foi redondamente enganado e terrivelmente mal aconselhado.

Há que dizer em defesa do ministro - deste ou de qualquer outro que estivesse perante uma situação destas - que o numero de incêndios, as temperaturas, e acima de tudo a seca prolongada que converteram as florestas (já de si sujas e atulhadas de mato) em barris de pólvora, transformaram Portugal num cocktail explosivo.

Mas agora, após ter chegado à conclusão de que se enganou (ou foi enganado) sobre as capacidades dos aviões Canadair, os ministro António Costa, vem agora defender a construção pela Europa de um avião para combate aos incêndios.

Não se entende se António Costa está a falar a sério, ou apenas a dizer uma piada de mau gosto.

A principal razão para aventar mau gosto, prende-se com o facto de todos sabermos que os projectos militares europeus, são sempre mergulhados em processos demorados, e normalmente obscuros que resultam em atrasos e em períodos de desenvolvimento extremamente longos.

O caso mais conhecido é o do avião militar A-400, que já leva quase 15 anos de desenvolvimento sem que uma única aeronave tenha conseguido sequer levantar voo. Isto claro, para não falar no escândalo do Eurofighter, um avião tão caro e desenvolvimento tão lento que quando começou a ser entregue às forças aéreas, já se encontrava desactualizado.

Será que o ministro quer esperar 15 anos até comprar esses novos aviões que a Europa deve construir, ou estará mais uma vez a ser aconselhado pela senhora da limpeza do ministério, e ainda por cima, estando a senhora sob o efeito de grandes quantidades de bom carrascão alentejano?