domingo, julho 10, 2005


Era uma vez um arrastão. Ou, como tapar o Sol com uma peneira

Nota: O problema da segurança dos cidadãos, é isso mesmo. Um problema de segurança. A Defesa Nacional, passa por e tem, diversas vertentes. A segurança dos cidadãos e o seu direito á Liberdade, é a principal razão pela qual temos forças de segurança.

Tem-se escrito muito acerca do chamado arrastão, nas praias da região de Lisboa. Recentemente, foram feitas referências a um “arrastão inexistente” e um video chamado "era uma vez um arrastão" produzido por uma jornalista, que por total coincidência é candidata a vereadora a uma Câmara Municipal..

De facto, há que dizer, que da análise a todas as imagens e descrições conhecidas, não houve de facto um "arrastão".

O problema prendeu-se com a falta de cultura e conhecimentos de muitos dos nossos jornalistas, que por falta de estudo e leitura, associaram o termo "arrastão" a qualquer tipo de crime cometido nas praias.

No Brasil, o “arrastão” é muitas vezes considerado um crime menor, efectuado por “moleques” e “trombadinhas”. Crianças pequenas, desde os 8 até aos 14 anos, que constituem uma espécie de rede e avançam pelas praias paralelamente à linha de água, roubando pequenos objectos que estão normalmente “soltos”.

O arrastão é eficiente, não porque os ladrões sejam fortes e ameaçadores, mas porque quem o faz (havendo evidentemente excepções) está em superioridade numérica, embora seja normalmente pequeno.

Quando os elementos que efectuam o arrastão, atacam as pessoas, e roubam coisas utilizando a violência, então deixa de haver um arrastão, para haver um assalto, à luz do dia, como aqueles que podem ocorrer em qualquer lugar, a qualquer hora do dia ou da noite.

Portanto, não ocorreu arrastão nenhum. O que ocorreu, foi inicialmente um confronto entre dois “gangs” rivais, sendo que, alguns membros desses gangs rivais começaram a praticar assaltos na praia.

O facto de o termo “arrastão” ter começado (incorrectamente) a ser utilizado, parece agora ser um argumento por parte dos defensores objectivos (ainda que não voluntários) do banditismo racista, para tentar demonstrar que não aconteceu nada.

A tentativa de demonstrar que não ocorreu “ARRASTÃO” tenta fazer-nos crer que não ocorreu nenhum crime. O objectivo é claro: Manter a população na paz dos deuses - preferivelmente a criticar o governo por causa dos cortes nos subsídios - e desviar as atenções. Ao mesmo tempo, tenta desacreditar as forças de segurança de forma a que, em casos futuros, também se possa dizer que a policia se engana porque já se enganou, no caso de Carcavelos.

Assim, com um pouco de sorte quando um de nós for assaltado, pensará que é um caso isolado e vai para casa contente, a pensar que foi apenas pouca sorte, ou que foi apenas azar.

Um dos intervenientes nesta questão, uma candidata a um cargo político, encontrou uma boa forma de garantir o seu salário como vereadora, na Câmara Municipal à qual concorre. Como no tempo de Goebbels e Hitler, distorcer a verdade continua a ser um bom negócio.

Todas as afirmações e comentários, não explicam - NUNCA - as fotografias que foram tiradas. Não referem NUNCA, os comentários sobre o facto de não ser a primeira vez que ocorrem vagas de assaltos nas praias. Não explicam NUNCA, a razão de haver fotografias com ajuntamentos de jovens de cor, os quais não têm nenhuma explicação lógica e razoável, para lá do assalto.
As explicações dadas sobre os arrastões no Brasil, e que dão a ideia de que os arrastões foram uma "armação" para impedir a candidata Rosinha de ser eleita, ocultam, que a violência nas praias do Rio de Janeiro, de facto aumentou de forma exponencial. Pode-se afirmar o que quer que seja sobre a violência nas praias do Rio de Janeiro, mas o problema está lá, para quem quiser ver.

No fim a mais miserável das mentiras e deturpações, tem a ver com o facto de nos tentarem fazer esquecer a característica principal deste tipo de crime na praia.

OS ROUBOS EFECTUADOS SÃO NORMALMENTE PEQUENOS. É ROUBADO UM PORTA-MOEDAS, UMA TOALHA, UNS ÓCULOS DE SOL, UM RELOGIO.
EM TODOS ESTES CASOS, AS VITIMAS, ABSOLUTAMENTE CIENTES DA TOTAL INUTILIDADE DE FAZER UMA QUEIXA NA POLICIA, NUNCA VÃO APRESENTA-LA.

A não apresentação de queixa, por ser considerada inútil, serve para que os irresponsáveis autores desta muito boa peça de propaganda possam dizer que afinal não ocorreu nada.

Vai ser preciso que, em Carcavelos, ou noutras praias, haja sangue a tingir a areia, para então chegarmos à conclusão de que de facto há um gravíssimo problema com os gangs em Portugal.

Nessa altura, a propaganda destes "Goebbels" do século XXI, terá duas hipoteses.
Ou não faz nada para tentar fazer esquecer as mortes, ou faz outro video chamado "O assassinato que nunca existiu" e tenta fazer-nos crer que o sangue afinal, era só molho de tomate.

sábado, julho 02, 2005


Será inutil a defesa de um país pequeno ?

Quem acha que um país pequeno não precisa de Forças Armadas, porque a defesa é inútil, deve olhar para a situação da Suiça, durante a II Guerra Mundial.

Completamente isolada e cercada por potências do eixo e seus aliados, a Suiça não tinha praticamente defesa possível perante as forças de Adolf Hitler, que tinham planos para ocupar a Suiça.

No entanto, a Suiça nunca foi atacada pela Alemanha e muito menos ocupada.

O que aconteceu?

O que aconteceu foi que a Suiça tinha preparado um sistema defensivo baseado nas montanhas, que embora exigisse a retirada da maioria dos seus meios militares de mais de 67% do país, e abandonasse mais de 80% da população, permitia uma continuada e se necessário demorada resistência às forças alemãs.

A mais poderosa máquina militar produzida por um país da Europa Ocidental, a Alemanha de Hitler, foi de facto parada pelo exército de um país com menos de 5 milhões de habitantes.

Os alemães, não atacaram a Suiça, por causa do seu poder, mas por causa das características do terreno, formação e armamento do exército suíço (adequado à montanha). Os suíços tornariam a invasão do seu país, tão cara e custosa aos alemães, que era preferível manter a Suiça independente, mesmo que fosse um espinho no meio da Europa ocupada.

Os alemães calcularam o custo de tomar a Suiça, em 200.000 baixas.

Portugal não tem os Alpes.

É verdade. Quando transpomos a realidade Suiça para a portuguesa, verificamos isso. No entanto, a Suiça não tem realidades como os Açores. A Suiça não tem mar, e não o podia utilizar para permitir uma defesa em profundidade. Não podemos transferir a população para os Açores ou para a Madeira, mas também os Suíços não a podiam transferir para as montanhas.

Mas a verdade é que, não é necessário ter um grande exército. Basta ter um pequeno exército, preparado, armado e moralizado. Os Suíços estavam conscientes de que podiam defender o seu país, porque estavam conscientes de que podiam vender muito cara a sua derrota. Isto, associado ao sistema de exército miliciano existente na Suiça, levou os alemães a cancelarem e finalmente a desistirem de atacar aquele país.

Portugal, não tem mas pode e deve ter, meios para potenciar as suas vantagens estratégicas resultantes, quer da configuração do seu território continental, quer da sua profundidade atlântica. Com relativamente poucos meios, essa capacidade pode ser enormemente aumentada. Desde que haja vontade e coragem para admitir que os países não têm aliados, mas apenas interesses, e que os aliados de hoje, podem ser adversários amanhã, como o foram ontem.

O armamento ou rearmamento das Forças Armadas, deve ter em consideração esta necessidade.